Criar uma Loja Virtual Grátis

ONLINE
4




Total de visitas: 20408
Orgasmo: Querer e Poder
Orgasmo: Querer e Poder

25/10/14 16:08

 

"Resumo
Muito tem sido falado sobre ele, mas pouco tem sido sentido. Confusão entre sensação e sensacionalismo. A idéia que passa é que as pessoas continuam com as próprias vidas, mas mergulhadas em dúvidas em torno do orgasmo. Palavra que demanda tradução, que peca pela subjetividade, que tanto preocupa. Fonte de prazer e mistério. Origem de inesgotáveis questões, angústias e noites bem ou mal dormidas. Esse artigo destina-se a todos aqueles, homens, mulheres e profissionais da área da saúde, que se preocupam com tal questão. É objetivo refletir e sensibilizar para a importância, de forma real e não apenas didática, de um trabalho sério, focado na mulher, que depois de tantas conquistas, merece um pouco de prazer sexual e conhecimento sincero dos seus mecanismos e respostas sexuais."

https://www.igt.psc.br/revistas/seer/ojs/viewarticle.php?id=117

 

 

Este estudo é um trabalho sobre a anorgasmia feminina e visa receber contribuição da Gestalt Terapia, a autora relata detalhes importantes sobre a evolução da mulher perante a sociedade, fala sobre suas conquistas nas profissões, na vida social, familiar, mas ressalta um ponto importante e talvez, pouco divulgado, o tanto que a mulher foi reprimida sexualmente no passado está diretamente ligado na obrigação que existe em manter relações sexuais satisfatórias hoje em dia, e isso gera uma confusão na cabeça de quem se deixa levar pelos modelos impostos pela cultura e mídia.

Antes, a mulher que era quase proibida de manter relações sexuais, só o fazia pela obrigação de reprodução da espécie, portanto, convivia facilmente com a falta de sexo e prazer, muitas nem conheciam o que era, agora é cobrada a todo tempo em um cenário onde o mais importante é se chegar a uma estado de satisfação que nem sequer sabe-se a função ou benefícios disso, sabe-se apenas que isso a definirá como boa ou ruim e por isso, muitas vezes, se preocupa com a sua imagem e deixa de lado seus verdadeiros desejos.

"O que se percebe atualmente é uma busca descontrolada pelo orgasmo, que passou a ser o objetivo da relação, esquecendo-se o prazer do próprio relacionamento. Busca-se um formato sexual que tem um acordo decisivo com o orgasmo final, e com a penetração como forma de obtê-lo. Praticar sexo, porém, é uma escolha; ter prazer, uma possibilidade. Sexo e intimidade são muito mais do que ato sexual e orgasmo. Essa obrigatoriedade infundada na busca do prazer-gozo e não pelo prazer de estar vivenciando tal situação, tira a mulher do contato com a relação, passando a ser mera espectadora, vivendo uma falsa liberdade de sentir um orgasmo que nunca chega como esperado. "

A mídia, novamente com sua função influente, causa angústia e frustração em muitas mulheres que acabam por desistir de seus objetivos e se anularem como seres ligadas ao sexo:

"Os filmes e outros programas que passam na TV, conforme lembra Johanson (2003), exibem orgasmos excepcionais. As mulheres supõem que esse é o jeito. Ficam tão preocupadas em representar que não lembram que alguns outros orgasmos podem ser mais sutis e ainda assim agradáveis. "

Hoje em dia, ainda existem profissionais que julgam ser nomal esta falta de orgasmo nas mulheres, visto que diferente do homens, o orgasmo feminino de nada contribui para a reprodução da espécie, porém, felizmente, a teoria realmente aceita é a de que ele é indispensável para a equilíbrio emocional das pessoas e do relacionamento. 

"As mulheres negam a ausência do orgasmo como uma forma de defesa. Assim, mentem, fingindo um prazer que não existe. Tal comportamento deve ser repensado, pois ao fingir (para si própria), a mulher está se privando da obtenção de um prazer e da possibilidade de desvendá-lo por completo. É preciso ter claro que o orgasmo não é um presente para o parceiro. E nem algo que determine a virilidade masculina. Dessa forma, se o distúrbio está apenas incomodando o parceiro, não se pode pensar numa disfunção sexual feminina."

O tratamento se faz necessário, para isso terapia individual, de casal ou ambas  podem utilizar técnicas que se ajustam corretamente ao objetivo:

"Para tanto, segundo Silva (1989), faz-se necessário utilizar três vertentes: diminuir o limiar de tolerância à excitação, que nesses casos são excessivamente elevados; progredir, conforme seja aceitável, a qualidade dos estímulos positivamente excitantes e limitar possíveis origens de ansiedade, consciente ou não, que possam competir com a excitação, 'roubando' um pedaço da emoção sexual."

Além das técnicas citadas, o processo requer diferentes maneiras de articular as mudanças na vida dessa mulher, mas elas se tornam muito nítidas e positivas.

"Muito freqüentemente, durante o tratamento, a mulher passa a ter maior curiosidade sobre o próprio corpo. Faz-se importante que ela se conheça, se toque, saiba do que gosta e o que não lhe agrada. E, essencialmente, pedir ao parceiro que a "acenda". É importante que o parceiro se comprometa com o crescimento sexual da mulher, porém, como levantado por Heiman e LoPiccolo (1992), o apoio dele pode ajudar, mas não é fundamental para que ela progrida. "

O tratamento de qualquer disfunção sexual deve ser acompanhado por profissionais que entendam completamente os estágios relacionados à sexualidade bem como o comportamento humano, que é responsável por demonstrar a evolução da paciente. Para terminar, uma frase muito importante e que está relacionada diretamente com o assunto do qual trata o Blog:

"A superação de um quadro como esse leva ao aprendizado e ao autoconhecimento, provocando transformações além da sexualidade."

 

VEIGA, Ana Paula. Orgasmo: Querer e Poder. Disponível em:<https://www.igt.psc.br/revistas/seer/ojs/viewarticle.php?id=117&layout=html>. Acesso em 21 de outubro de 2014.